segunda-feira, 11 de maio de 2009

História da construção naval - Parte I

É impressionante como a máxima "Quem, de três milênios, não é capaz de se dar conta, vive na escuridão, na sombra, à mercê dos dias, do tempo" de Goethe é absolutamente atual e de certa maneira quase que universal.

A maioria das pessoas passa diante das maravilhas construídas pelo homem (desde as minúsculas até as gigantescas) e raramente se admira. Parece que as coisas simplesmente brotaram do chão ou sempre existiram. Mas, não é bem assim. Inclusive para a construção naval.

As impressionantes máquinas navais que vemos transportando pessoas e cargas; gerando riqueza no comércio, na pesca ou na exploração de petróleo; ou mesmo as máquinas de guerra flutuantes, são fruto de três milênios de avanços tecnológicos.

Quando o homem se sedentarizou, salvo exceções, procurou locais próximos aos grandes rios. Ali além da caça e da pesca, tornou-se viável a pratica da agropecuária. Esse novo modo de vida se traduziu numa grande revolução para o homem. A sedentarização permitiu o crescimento das forças produtivas e esse crescimento tornou possível a criação de excedentes de produção. O homem foi colocado diante de um problema: O que fazer com esse excedente?

Pronto, nascia o comércio; uma ótima solução para escoar esse excedente. No início, feito por terra e pelos grandes rios. E quanto mais crescia a produção e o comércio, mais necessário era a construção de barcos cada vez maiores e em maior número. O homem começava a passar das canoas para grandes barcos a remo e depois a vela. Daquelas civilizações destacam-se a Mesopotâmia, com os rios Tigre e Eufrates; a Índia, com o rio Ganges; a China, com os rios Amarelo e Azul, e o Egito, com o Nilo.

A produção de riquezas e o comércio crescente beneficiam algumas civilizações. Com os Fenícios, por volta de 3.000 a.C. a arte da navegação deu um grande salto. Favorecidos pela geografia local, com portos naturais e terreno acidentado e pouco fértil, eles foram impelidos para o mar. No início, praticavam a pesca e, conforme desvendavam o Mar Mediterrâneo, foram conquistando o posto de maiores comerciantes marítimos da Idade Antiga. Por mar, exportavam cedro, azeite, vinhos e o Múrex (molusco de onde se extraía a púrpura, cor muito rara na época) e importavam ferro, estanho, ouro, prata, lã e marfim. Também no Mediterrâneo, para controlar melhor o comércio, os fenícios fundaram colônias, como Cartago, no norte da África; Córsega e Sardenha, próximas à Península Itálica, além de parte do Chipre, entre outras ilhas. Foram de fundamental importância para a navegação comercial, influenciando todos os povos da Antigüidade com sua cultura, organizando o alfabeto para facilitar o comércio, divulgando seus produtos e seu knowhow, além de abrir espaço para novas atividades comerciais.

Mais tarde os gregos, de posse desse knowhow (e também favorecidos pela geografia local) ficaram famosos pelo comércio no Mediterrâneo, sendo superados pelos romanos, que dominaram esse mar por séculos, passando até a chamá-lo de Mare Nostrum (nosso mar). Enquanto isso, no norte da Europa os Vikings construíam as histórias que até hoje os caracterizam como destemidos navegantes.

No final da Idade Média, portugueses e espanhóis aderiram à arte da navegação comercial, concretizando a descoberta das dimensões planetárias, a integração entre diferentes culturas e o comércio de produtos inusitados entre os diversos cantos do planeta, até serem suplantados pela Inglaterra nos séculos 18 e 19.

Esses dois séculos foram marcados por grandes avanços tecnológicos na construção naval. Na esteira da herança das aventuras heróicas, os homens do mar, desde os construtores aos navegantes, se lançaram ao domínio dos mares. O poder naval havia se consolidado como uma questão estratégica para as nações; e os navios se tornaram fundamentais para o comércio e para a guerra. O século XX e os desafios e perspectivas do século XXI necessariamente merecem um post a parte.

No próximo post – A construção Naval no Brasil

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